Tour du Rwanda: a vitória de uma nação apaixonada pelo ciclismo
O Tour de France que não me escute, mas nenhuma volta ciclística me causa tanta empatia e felicidade quanto o Tour du Rwanda. A prova, neste ano composta por um prólogo e sete etapas, é o resultado de um esforço comovente de uma parceria entre ciclistas estrangeiros e jovens ruandeses para ajudar o país a sair das sombras do genocídio de 1994 e reconstruir essa nação africana.
O Team Rwanda, projeto criado pela lenda ciclística Tom Ritchey e pelo ex-ciclista profissional Jock Boyer, vem há anos descobrindo talentos do esporte na “Terra das Mil Colinas”, como o país é conhecido. Além de treinar jovens promessas, a organização promove uma série de iniciativas e eventos — entre eles, o Tour. Graças ao sucesso do Team Rwanda, o ciclismo se firmou como o esporte nacional, unindo etnias antes inimigas e colaborando imensamente para elevar a autoestima dos ruandeses após tantas desgraças.
Até 2008, o Tour du Rwanda era uma competição modesta, restrita às fronteiras de lá, mas que às vezes também recebia ciclistas de países vizinhos como Burundi e Uganda. A projeção que a prova vem conquistando transformou-a em um “case de sucesso”, hoje atraindo atletas da Bélgica, França, Estados Unidos, entre outros lugares. O evento mexe com o país todo, e milhares de ruandeses vão para a estrada celebrar a passagem da caravana de ciclistas, jornalistas e organizadores.
O prólogo aconteceu ontem (12/novembro) na capital, Kigali. Para a alegria dos torcedores, quem venceu foi Bosco Nsengimana, atleta da equipe ruandesa e que já ganhou o Tour. Hoje a primeira etapa é dura, de Kigali a Huye, com 120 km. Há trechos montanhosos que cruzam o verdejante interior do país, nos dando uma incrível chance de conhecer (em foto e vídeos) um pouco mais sobre a região — que, assim, vai se abrindo ao turismo.
Com sua história de superação e imbatível carga emocional, o Tour du Rwanda é mais uma feliz amostra de como a bicicleta pode reconstruir vidas e dar esperança mesmo a povos que enfrentaram as piores adversidades. Viva Ruanda, viva seu Tour e vida o ciclismo!