Ciclocosmo https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br Um blog para quem ama bicicletas Thu, 02 Dec 2021 18:10:08 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Cicloativistas defendem grande eixo cicloviário ligando SP até Santos https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2021/06/17/cicloativistas-defendem-grande-eixo-cicloviario-ligando-sp-ate-santos/ https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2021/06/17/cicloativistas-defendem-grande-eixo-cicloviario-ligando-sp-ate-santos/#respond Thu, 17 Jun 2021 13:24:24 +0000 https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/2-320x213.jpeg https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/?p=3113 Palmas e vivas para os ótimos coletivos de ciclistas que existem em São Paulo — são eles que propõem soluções, cobram o poder público, fiscalizam o dia a dia ciclístico da cidade e, sempre incansáveis, pensam em como a capital pode melhorar sua mobilidade por meio da bicicleta.

Recentemente, os coletivos Bike Zona Sul, Bike Zona Oeste, Bike Zona Norte e Bike Zona Leste têm batalhado para que uma ideia genial finalmente seja colocada em prática por aqui: um grande eixo cicloviário intermunicipal conectando todas as zonas de São Paulo até Santos, incluindo Guarulhos numa ponta e a Rota Turística Marcia Prado na outra.

Conectar diversas regiões de cidades por meio de ciclovias é uma estratégia fenomenal que ajuda a melhorar o trânsito e a levar mais pessoas a se locomover de bike.

Em lugares como Pesaro, uma comuna na costa leste da Itália, há redes de ciclovias que interligam centro e bairros, com sinalização inteligente (o projeto ganhou o nome de Bicipolitana, sobre o qual escrevi aqui).

Veja o mapa ciclístico de Pesaro, que beleza — organizado por cores semelhantes ao metrô de Londres e repleto de oficinas mecânicas e outros comércios importantes para quem pedala ao longo dos percursos:

Em São Paulo, o grande eixo cicloviário contemplaria a ciclovia do Rio Pinheiros, que possui atualmente 21,5 km, que se ligaria a uma ciclovia do Rio Tietê, a ser construída, com 26 km. Dali, ela se comunicaria com a atual ciclovia do Parque Ecológico do Tietê (14 km) e, a partir de um novo trecho de 8 km, chegaria até o aeroporto de Guarulhos. Tudo de forma supersegura para o ciclista.

Na outra ponta do Rio Pinheiros, a ciclovia se estenderia de modo a se ligar com a Rota Cicloturística Marcia Prado até Santos. Tudo totalizaria 146 km, com a maior parte do trajeto acontecendo sem contato com carros, ônibus, motos e afins.

Com a realização do eixo cicloviário, ciclistas de muitas regiões da cidade poderiam se deslocar para Guarulhos, Santos, e vice-versa. Seria uma baita ferramenta para incentivar mais pessoas a deixarem seus carros, a cuidarem mais da saúde, fazerem esportes e, resumindo, terem uma rotina muito melhor.

“Essa ideia é antiga e já foi citada algumas vezes ao longo dos anos por cicloativistas. A diferença é que agora em 2021 analisamos mapas e vias para propor um trajeto mais detalhado”, diz Thomas Wang, 26, do Bike Zona Sul.

Wang explica que o projeto depende de estudos, de vontade política e, claro, de verba do governo do Estado, das prefeituras e diferentes autarquias e empresas envolvidas. “É uma proposta que abrange várias regiões e autoridades, por isso é complexa e precisa do apoio de todos os ciclistas e de grupos que trabalham com mobilidade, turismo e sustentabilidade.”

Nos últimos tempos, o governo e a prefeitura de São Paulo vêm demostrando maior interesse em assuntos ligados à bicicleta. Seria um passo importantíssimo se o poder público transformasse a ideia do grande eixo em realidade — melhorando a vida não só de ciclistas, mas de todo mundo que mora aqui.

 

 

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Novo livro mostra como a bike pode salvar as cidades de seus piores erros https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2018/08/10/novo-livro-mostra-como-a-bike-pode-salvar-as-cidades-de-seus-piores-erros/ https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2018/08/10/novo-livro-mostra-como-a-bike-pode-salvar-as-cidades-de-seus-piores-erros/#respond Fri, 10 Aug 2018 16:54:06 +0000 https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/book_notext-320x213.jpg https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/?p=1722 Copenhague tornou-se nas últimas décadas o paraíso de urbanistas conscientes e de gente que ama bikes: na capital da Dinamarca, 41% de todos os deslocamentos diários de casa para o trabalho acontecem de bicicleta, e 62% dos habitantes escolhem pedalar para ir trabalhar ou estudar, segundo dados do governo.

Lá apenas 12% dos residentes usam carro, e até parte das lixeiras são instaladas na direção em que os ciclistas pedalam, para que possam jogar o lixo enquanto estão em movimento.

Sonho, né? Mas, para se chegar a essa realidade, que para nós brasileiros soa utópica, foram décadas de debates, discussões urbanísticas, erros e acertos. Parte das lições aprendidas por Copenhague, além de outras boas soluções para transformar cidades a partir do uso da bicicleta, foi compilada em um novo livro, Copenhagenize: The Definitive Guide to Global Bicycle Urbanism.

Em Copenhague, 29% de todos os deslocamentos são feitos de bike; contra 34% de carro (Foto: Copenhagen Media Center)

A obra é de autoria do jornalista canadense Mikael Colville-Andersen, que na última década ganhou fama com seu blog Cycle Chic e sua organização Copenhagenize, especializada em bicicletas e urbanismo. Midiático, Mikael participa de TEDs pelo mundo advogando o poder da bike para revolucionar cidades e esteve à frente do boom de ciclistas que invadiu capitais do mundo todo — incluindo menos sortudas como São Paulo.

O autor é um tanto verborrágico em seu livro, que muitas vezes parece uma transcrição de suas palestras. Mas isso em nada tira o poder de suas palavras em cada página. Ali está muito bem contextualizada a agressiva transformação sofrida em todo o planeta com a adoção dos veículos motorizados como o centro da vida do cidadão urbano.

Esprememos os pedestre em calçadas, priorizamos vias exclusivas para automóveis, deixamos a bicicleta, outrora fiel companheira, em situação de ostracismo e criamos o caos do trânsito e dos acidentes com carros. Tudo em nome da indústria automobilística, e não das pessoas que vivem nesses lugares.

Estudos de urbanismo precisam envolver a bike para pensar em cidades realmente habitáveis a seus moradores (Foto: Erika Sallum)

Em seu livro, Mikael mostra o absurdo de antiquadas teorias de engenharia de trânsito, que ainda usam modelos dos anos 1960 para, por exemplo, determinar a velocidade máxima permitida em determinadas ruas. Ainda vivemos achando que progresso é ampliar ruas e avenidas — mesmo sabendo que isso, na prática, apenas tem trazido mais e mais automóveis e problemas.

Mikael não está interessado na bicicleta como ferramenta para uma boa saúde, muito menos como esporte ou até para defender o meio ambiente. Como ele explica, os habitantes de Copenhague usam tanto a bike pela simples razão de que ela proporciona viagens mais rápidas do que outros tipos de deslocamento.

“A bicicleta pertence à cidade. É a mais perfeita sinergia entre tecnologia e o desejo humano por se mover de um ponto a outro. É o mais perfeito veículo urbano já inventado”, diz ele.

Mas, para que a bike seja aproveitada em toda sua glória por urbanistas e suas cidades, é preciso que pensemos em ciclovias realmente funcionais, em projetos urbanos que parem de valorizar o transporte passivo (carros) e foque no transporte ativo (bikes, pedestres), em ideias práticas que ajudem o que todos nós queremos em uma cidade: ir de um ponto A ao B da forma mais prática, barata, rápida possível.

Ciclovias separadas de avenidas e estradas atraem mais ciclistas e ajudam de fato a melhorar o trânsito em cidades (Foto: Reprodução)

Por isso, Mikael conclama uma “redemocratização do asfalto”, onde se leve em conta as necessidades de quem habita as cidades, e onde as ruas foquem em pedestres e ciclistas. Gastamos trilhões para fazer vias exclusivas para carros, mas reclamamos da grana gasta pela prefeitura para conceber ciclovias — ainda metemos o pau em “ciclistas doidos” que enfrentam diariamente o trânsito absurdo de lugares como São Paulo.

O livro Copenhagenize mostra que transformar cidades não é tão complexo e caro assim. Desde o século 19 temos a nossa frente uma das melhores soluções para isso: a bicicleta. Copenhague já provou como a bike pode tornar nossas vidas muito mais felizes, em todos os sentidos. Alguns paulistanos também já sacaram isso.

  • Livro: Copenhagenize: The Definitive Guide do Global Bicycle Urbanism
    Autor: Mikael Colville-Andersen
    Editora: Island Press
    Quanto: US$ 18,56 (papel, sem o frete); US$ 24 (Kindle), na amazon.com

 

 

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