Ciclocosmo https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br Um blog para quem ama bicicletas Thu, 02 Dec 2021 18:10:08 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Egan Bernal vence o Giro d’Italia e amplia a força da bike na América Latina https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2021/05/30/egan-bernal-vence-o-giro-ditalia-e-amplia-a-forca-da-bike-na-america-latina/ https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2021/05/30/egan-bernal-vence-o-giro-ditalia-e-amplia-a-forca-da-bike-na-america-latina/#respond Sun, 30 May 2021 16:21:32 +0000 https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/WhatsApp-Image-2021-05-30-at-12.44.44-320x213.jpeg https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/?p=3106 Dois anos atrás, eu escrevia neste blog, com enorme emoção, que o colombiano Egan Bernal havia vencido a mais mítica competição do ciclismo de estrada, o Tour de France. Pois bem: o jovencito de 24 anos, nascido em Bogotá e criado no município de Zipaquirá, acaba de conquistar mais uma das três Grandes Voltas: o Giro d’Italia!

Não é a primeira vez que um colombiano vence o Giro. Em 2014, o conterrâneo Nairo Quintana cravou seu nome na história da competição italiana, e ainda levaria a Vuelta a España, a terceira Grande Volta, em 2016.

Entretanto o sonho de Quintana de vencer um Tour de France e se tornar, assim, o primeiro latino-americano a subir no lugar máximo do pódio na tríade do ciclismo mundial foi ficando cada vez mais distante com os anos.

Com sua vitória de hoje, no 104ª Giro d’Italia, Bernal enche a América Latina de esperança e prova, mais uma vez, que um país em desenvolvimento pode, sim, gerar grandes ídolos da bike — basta governo e sociedade terem seriedade, foco e incentivo, como há na Colômbia.

Bernal na etapa de contra-relógio do Giro 2021 (Foto: Giro d’Italia)

Nação de talentos ciclísticos, como Mariana Pajón, a maior estrela feminina da história do BMX, a Colômbia tem uma das relações mais lindas do mundo com a bicicleta. Não é apenas o território montanhoso andino que explica o sucesso do país nesse esporte.

Desde a década de 1950, quando aconteceu a primeira Volta à Colômbia, que o amor por esporte e bike tem acalentado corações colombianos, ajudando a melhorar a autoestima nacional tão dilacerada por anos e anos de guerra civil e miséria.

Além de Quintana e Bernal, o país tem outros astros, como Rigoberto Urán, Esteban Chaves e Fernando Gaviria, para citar os contemporâneos. Mas, lá atrás, vibrou com performances surreais de nomes como Martín Emilio Rodríguez (o famoso Cochise), Luis “Lucho” Herrera e Fabio Parra.

Nenhuma nação da América do Sul ama mais a bicicleta do que a Colômbia. Lá, a final de um Giro d’Italia para o país inteiro e pode ser assistida até em botecos na beira da estrada. Foi em Bogotá que nasceram as primeiras ciclovias do continente, a partir de um movimento universitário que abriu no muque espaço para bicicletas, em 1974.

Como já escrevi aqui quando Bernal venceu o Tour de France, a conquista de Egan Bernal não é apenas do ciclismo, e nem só da Colômbia, mas é de toda a Latinoamérica — onde demoramos tanto para compreender o poder transformador da bike, mas onde também aprendemos isso na marra com nossos Bernals, Nairos e Luchos.

(Foto: Giro d’Italia)
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Equipe de ciclismo transforma vidas em Serra Leoa https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/11/equipe-de-ciclismo-transforma-vidas-em-serra-leoa/ https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2020/07/11/equipe-de-ciclismo-transforma-vidas-em-serra-leoa/#respond Sat, 11 Jul 2020 18:04:37 +0000 https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/Serra-1.jpeg https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/?p=2821 Guerras civis costumam ser bem violentas, mas o conflito que assolou Serra Leoa por 11 anos revelou-se um dos mais sangrentos da história recente da África.

De 1991 a 2002, grupos rebeldes atacaram vilarejos, forçaram centenas de crianças a virar soldados, estupraram multidões de mulheres e roubaram um número incontável de diamantes das minas deste país da África Ocidental (os famosos “blood diamonds”), como relatou de forma sublime Ishmael Beah em seu livro autobiográfico Muito Longe de Casa.

Mesmo com um substancial crescimento econômico nos últimos anos, Serra Leoa continua a cicatrizar as feridas da violência — com a ajuda, veja só!, da bicicleta. <3

Criado em uma cidade de mineração no norte do país, o valente Lunsar Cycling Team é um exemplo sensacional de como a bike pode transformar e impactar a vida das pessoas de um jeito singular. A equipe de ciclismo reúne homens e mulheres em treinos diários e competições locais vibrantes, como o Tour de Lunsar.

Falta equipamento e grana, mas sobra estilo e garra no Lunsar Cycling Team, no norte de Serra Leoa (Foto: Divulgação)

A equipe foi fundada por Abdul Karim Kamara, conhecido pelo apelido Stylish (Estiloso), então dono de uma pequena loja de reparos de bicicletas. Único ciclista do pedaço, Stylish foi aos poucos conquistando corações e mentes, até que decidiu criar um time com o nome da cidade, Lunsar.

Sem tradição no ciclismo, Lunsar não tem lojas de bikes de estrada, muito menos onde se podem comprar camisas e bermudas para pedalar. Por isso, a equipe conta a ajuda de doações (quer ajudar? clique aqui).

O Lunsar Cycling Team abriu espaço para as mulheres, em um país ainda bastante marcado pelo preconceito. Garotos e garotas treinam diariamente, e agora também adquiriram o hábito de pedalar até a escola, mercado e outros lugares. O projeto consolidou, assim, um senso de comunidade ciclística, na qual os cidadãos se identificam uns com os outros e aprendem a se respeitar.

“Meu amor pelo ciclismo é a maior coisa que tenho comigo. E meu objetivo é ver a bike fazer parte da vida de cada vez mais pessoas em Serra Leoa”, diz Mr. Stylish. “Meu sonho é ver a bandeira do meu país no Tour de France, nas Olimpíadas e nos Campeonatos Mundiais.”

Apesar de não ser chancelado por órgãos internacionais, seu Tour de Lunsar já entrou para o calendário local, e parte dos ciclistas da equipe até já estreou em uma prova internacional: o Tour da Guinea <3 <3 <3.

Bati um papo com o simpaticíssimo Abdul Stylish Kamara, que falou das conquistas e dificuldades do Lunsar Cycling Team.

O que te levou a decidir que uma equipe de ciclismo poderia ser uma boa ideia para o povo da região de Lunsar?
Abdul Karim “Stylish” Kamara: Eu decidi lançar a equipe Lunsar Cycling Team para que o ciclismo passasse a ser visto como um esporte nacional e para incentivar e empoderar as gerações mais jovens de Serra Leoa. Até então, apenas Freetown, a capital, havia tido alguma experiência com o ciclismo, nos anos 1990.

A ala feminina do Lunsar Cycling Team (Foto: Divulgação)

Como foram os primeiros meses após a criação da equipe de ciclismo, especialmente no que diz respeito a apoio para bikes, roupas e equipamentos para os atletas?
Os primeiros meses e anos foram de grandes dificuldades e desafios para apresentar a equipe de ciclismo à comunidade de Lunsar. Eu era o único ciclista da região, e toda vez que eu colocava minhas roupas de pedalar as pessoas davam risadas, especialmente de minha bermuda de lycra, que deixa a bunda da gente praticamente aparecendo. Quando eu percebi que as pessoas riam de mim quando eu estava vestido assim, resolvi aumentar meus treinos para duas vezes por dia. Fazia questão de que o último treino do dia terminasse no Central Park de Lunsar, onde os jovens costumam se reunir. Eu chegava lá e começava a fazer umas manobras com minha bike — foi daí que surgiu meu apelido “Stylish” (Estiloso). Com essas brincadeiras, fui ganhando popularidade na cidade. E isso foi me dando motivação para inspirar os jovens a pedalar também.

E foi fácil achar quem quisesse se juntar a você?
Eu conheci seis garotos que tinham mountain bikes velhas, e eles passaram a me acompanhar nos treinos todos os dias. Aí comecei a pensar em como conseguir equipamentos, incluindo bikes, para todos, o que se mostrou um tremendo desafio. Contactei o presidente da federação nacional de ciclismo para tentar conseguir bikes para minha turma. O presidente ficou surpreso com a iniciativa, porque sou de uma região bem rural de Serra Leoa. Porém a federação também estava com dificuldades para conseguir equipamentos e não poderia me ajudar. Mesmo assim, virei um grande amigo dele. Continuei tentando apoio, organizando pequenas competições locais em Lunsar, para as quais convidava o presidente da federação e o capitão da equipe nacional. Eu acabei ganhando essa primeira competição, que batizei de Tour de Lunsar.

Tive a sorte de conhecer um norte-americano chamado David Pecham, fundador do Village Bicycle Project [uma organização criada para empoderar comunidades carentes por meio da bicicleta], e o convidei para a segunda edição do Tour. Quando David voltou para seu país, começou a enviar para gente bicicletas usadas, o que nos deu um enorme incentivo a continuar pedalando. Também conheci Tom Owen, britânico que escreve sobre bikes, que nos ajudou a conseguir nosso primeiro uniforme e a trazer a primeira bicicleta Bianchi de Serra Leoa. Dessa maneira, fomos nos tornando a maior equipe de ciclismo do país.

Como a bicicleta tem contribuído para melhorar a vida das novas gerações em um país que sofreu tantos anos com guerras e violência?
Somos um projeto de empoderamento. E, de quebra, contribuímos também para a educação: todos os nossos jovens ciclistas vão para a escola pedalando, e alguns usam a bike para comprar comida e outros itens para suas famílias. Isso sem falar nos benefícios físicos de se exercitar.

Os treinos são abertos a todos que queiram participar (Foto: Divulgação)

O Lunsar Cycling Team tem trabalhado também com mulheres. Por que você resolveu abrir espaço para talentos femininos da bike?
Para promover maior equilíbrio entre os gêneros. Ao inspirar as mulheres daqui a subir na bike, elas compreendem o quanto pedalar pode mudar vidas. Em Serra Leoa, as mulheres são marginalizadas, e há um estigma generalizado de que mulher não deve pedalar. Para acabar com isso, eu abri aulas especialmente para ensiná-las a pedalar. Por causa de nossa iniciativa, muitas garotas de Lunsar agora usam a bike para ir para a escola, o mercado e outros lugares.

Atualmente quais são os maiores desafios e obstáculos da equipe?
Em primeiro lugar, é sempre difícil conseguir equipamentos, bikes e roupas. Faltam pneus, câmaras, correntes, cassetes, sapatilhas… Outro problema é conseguir atendimento médico adequado quando nossos ciclistas mais fortes se acidentam. E também não conseguimos alimentar nossos ciclistas mais experientes, não temos grana para dar alimentação a eles.

A ultracool camisa de ciclismo do Lunsar Cycling Team, produzida pela marca britânica Le Col (Foto: Divulgação)
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Coletivo brasileiro do Sul transforma pedais em filmes poéticos https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/26/coletivo-brasileiro-do-sul-transforma-pedais-em-filmes-poeticos/ https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/26/coletivo-brasileiro-do-sul-transforma-pedais-em-filmes-poeticos/#respond Wed, 26 Jun 2019 18:30:23 +0000 https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/04-320x213.jpg https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/?p=2153 No ciclismo de estrada internacional, tem sido abundante nos últimos anos a produção de conteúdo de extrema beleza. Fotos, vídeos, zines, espalhados por meios que vão do Youtube ao impresso, vem mostrando que pedalar pelas estradas se tornou muito mais que um esporte — é um estilo de vida único e sensacional.

Diferentemente das produções de ação e adrenalina de modalidades como o BMX ou enduro, as imagens da “road life” prezam a perspectiva pessoal de quem filma, foca em pequenos grandes detalhes, joga o olhar do espectador para cenas em que muitas vezes nada acontece, porém tudo está acontecendo.

Que o diga o duo Lachlan e Angus Morton, dois irmãos australianos precursores da ideia de que o ciclismo de estrada é muito mais do que conquistas atléticas. Sua série de filmes Thereabouts tem inspirado centenas de bikers mundo afora.

No Brasil — onde temos pedalado mais, porém registrado e produzido pouco e muito aquém de nosso potencial (preguiça, talvez?) –, um dos grupos que mais sacou a poesia por trás de cada aventura no asfalto é o COG.CC, com seis integrantes espalhados por Curitiba, Joinville e Blumenau.

Munidos de câmeras Sony RX100 (uma das melhores compactas que existem), eles captam algumas das mais belas imagens do ciclismo de estrada nacional, como pode ser visto em seu Instagram (@cog.cc) e canal no YouTube. Nesta quarta (26 de junho), às 19h, lançam a segunda parte do projeto cinematográfico Out of Boundsassista aqui ou abaixo:

O filme, como o primeiro (assista aqui), é despretensioso ao mostrar uma das expedições do grupo pelo sul do país.

Não há a intenção de exibir técnicas de filmagem, louros da performance ou recordes de quilometragem. Os meninos do COG.CC emocionam pelo amor que sentem pelo simples ato de se reunir e compartilhar um prazer comum. Pegam suas bikes e lançam-se no mundo, com uma jovialidade ingênua que encanta e toca o espectador.

Chuva, frio, vento, nada disso é obstáculo para os COG irem para a estrada (Fotos: Reprodução)

Há um estilo europeizado em suas fotos e vídeos — mas o Sul do Brasil é nossa região mais europeia. Boa música, arte bem feita e um olhar sensível completam o conteúdo do sexteto ciclístico mais elegante do país.

Com o sexteto, o espectador pedala junto pelo Sul do Brasil (Fotos: Reprodução)

As fotos postadas pelo grupo em suas redes sociais, assim como os filmes que publicam em seu canal no YouTube, chamam há tempos minha atenção. Bati um papo com um dos integrantes, Arthur Maas, de 25 anos. O COG.CC também é formado por Ciro Hoeller, 26 anos; Diego Mendes, 29 anos; Levi Koch, 33 anos; Luiz Testoni, 26 anos; e Marlon Hammes, 34 anos.

O que move um grupo de ciclistas a registrar seus momentos em movimento, em um esporte complicado de captar exatamente por causa disso?
Pensamos em compartilhar e inspirar. Estaríamos registrando esses momentos de qualquer maneira, e levar isso para uma plataforma maior do que cada uma de nossas contas pessoais parece fazer sentido. É sobre manter uma conexão na comunidade, e mostrar o ciclismo de dentro para fora de uma maneira artística.

O COG.CC tem um estilo mais internacional — os vídeos e fotos de vocês poderiam ser confundidos com produções europeias. Isso se deve em parte pelas origens e natureza mais europeias do Sul do Brasil? Vocês refletem sobre essa escolha estética quando filmam?
Temos muita sorte e muito azar ao mesmo tempo. Essas imagens podem gerar tanto o que consideraríamos elogios, ao sermos comparados às nossas inspirações, como também podem nos fazer parecer só mais um grupo de pedal no meio de tantos gringos. O cuidado e a reflexão sobre tudo que fazemos é constante. Somos pessoas bastante críticas e estamos sempre buscando o novo.

Vocês almejam algo ao filmar? Tipo patrocinadores? Ganhar público? Muito do conteúdo que se tem produzido no mundo da bike acaba se restringindo ao Instagram. A ideia de vocês é continuar nesse meio, ou expandir para projetos que englobem outros formatos?
Não almejamos conseguir vários patrocínios, até para não tornar comercial algo tão puro que produzimos. O que temos feito é apresentar propostas para que apoios viabilizem as produções. Buscamos reconhecimento artístico e ganho de alcance. Nossa principal plataforma para vídeo é o YouTube, antes de tudo. Além de ser mais adequada, ela nos permite legendar, compartilhar de maneira mais ampla. Em segundo lugar, usamos o Instagram junto com o IGTV porque é mais focado no nosso nicho, tornando mais fácil de alcançar as pessoas de maneira assertiva, apesar das limitações que às vezes nos impedem de realizarmos algumas ações.

Como vocês captam as imagens? Todos vocês filmam? 
A fiel Sony RX100 é sempre nossa principal escolha. Nessa última viagem que gerou o filme, tivemos quatro dessas câmeras poderosas, mas compactas. Em momentos de muita chuva, nós usamos um iPhone XS, e recentemente recrutamos um Galaxy S9 para suprir essa necessidade também. Nesse último projeto, tivemos acesso a um equipamento para captação de voz para a locução do vídeo. Foram poucas frases, mas não poderíamos deixar de dar a atenção merecida aos detalhes. Sobre captação de imagem, todos tentam contribuir de alguma forma. Marlon é sempre quem acaba focando mais nessa parte de criação e direção — além de muito talentoso, ele sempre tem um roteiro em mente quando saímos para pedalar e dá as direções do que acha que devemos filmar para contar uma história da melhor maneira possível.Por fim, por que vocês amam pedalar? 
Existem tantos motivos! Podemos citar as amizades, a exploração, a aventura, a possibilidade de criar algo que que vai ficar em nossas memórias para sempre. A bicicleta foi sempre tão ativa em nossas vidas que não pedalar seria como perder um pedaço de nós. Hoje somos todos muito gratos pelas amizades que fizemos por causa da bicicleta, ainda mais quando olhamos para trás e vemos o que o COG se tornou no decorrer dos anos.

 

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Anna van der Breggen se consagra campeã mundial de ciclismo de estrada https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2018/09/29/anna-van-der-breggen-se-consagra-campea-mundial-de-ciclismo-de-estrada/ https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/2018/09/29/anna-van-der-breggen-se-consagra-campea-mundial-de-ciclismo-de-estrada/#respond Sat, 29 Sep 2018 16:05:27 +0000 https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/csm_winner_podium_rr_we_e43e7c1803-320x213.jpg https://ciclocosmo.blogfolha.uol.com.br/?p=1812 Em uma vitória espetacular, a holandesa Anna van der Breggen enfim conquistou o título de campeã mundial de ciclismo de estrada, neste sábado (29), em Innsbruck, na Áustria.

Não apenas venceu a prova, como chegou absurdos 3 minutos e 42 segundos na frente da segunda colocada — uma margem de vantagem não vista em décadas de campeonatos mundiais de estrada.

Enquanto boa parte das atenções desse esporte tem sido focada na prova masculina, que acontece no domingo (30), com todo mundo curioso para ver se o eslovaco Peter Sagan consegue pela quarta vez a camisa arco-íris de campeão mundial, foi na batalha das mulheres que se deu um dos mais eletrizantes momentos do UCI Road World Championships 2018.

O percurso feminino não era fácil: 156.2 km, com 2.413 de altimetria (elevação acumulada), com trechos brutos demais como a subida de Gnadenwald, de gradiente máximo de elevação de 14% — uma piramba íngreme para dedéu, daquelas de dar vontade de chorar.

Van der Breggen, uma das ciclistas mais fortes de sua geração, mostrou toda a sua garra em Innsbruck, ao abrir uma fuga incrível na penúltima subida do trajeto. Em seguida, a holandesa atacou de novo, deixou as rivais para trás e pedalou sozinha 39 km até a linha de chegada. Completou a prova em 4 horas, 11 minutos e 4 segundos.

O título era o que faltava para coroar uma carreira brilhante. A moça de 28 anos conquistou a medalha de ouro nos Jogos do Rio, já venceu o Giro Rosa (o Giro d’Italia feminino) e o La Course (o Tour de France das mulheres), além de provas clássicas como o Tour de Flanders e a Liège-Bastogne-Liège, entre outros.

Mas faltava uma jersey (camisa) de arco-íris para coroar sua trajetória de sucesso, e novamente cravar a Holanda como a maior fabricante de estrelas do ciclismo feminino.

O campeonato mundial de Innsbruck trouxe como grande novidade um percurso com subidas desafiadoras, após anos de circuitos planos — ideais para sprintistas como Sagan.

A holandesa Anna van der Breggen deixou as rivais para trás e pedalou sozinha os 39 km finais da prova (Foto: UCI)

Na prova feminina, 149 ciclistas travaram um duelo para vencer as elevações, que dividiram as atletas em diversos pelotões menores.

Muita gente apostava na australiana Amanda Spratt (que ficou em segundo), mas Van der Breggen não deu nem chance para dúvidas: neste sábado, a rainha da estrada foi mesmo ela, em uma vitória de 3m42s que levará anos para ser batida.

 

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