Santander passa a apoiar Avancini, e bike vira foco de grandes marcas
Muito já se falou sobre como a bike vem conquistando um novo espaço com a pandemia, aqui e lá fora. Meio de transporte limpo e que não gera aglomeração, a bicicleta tem visto boom de usuários em diversas cidades dos EUA, Europa e em muitos países da Ásia e América Latina.
O ano de 2020 foi de crescimento recorde para o mercado mundial de bikes (inclusive de elétricas), com tendência semelhante no Brasil –que, segundo a Aliança Bikes, teve salto de 50% nas vendas em relação a 2019. (Uma pena que o país enfrenta falta de peças, com dificuldade para normalizar a produção e lista de espera de consumidores querendo produtos novos ou usados.)
Se no passado era osso conseguir marcas fora do setor que topassem participar do desenvolvimento do mercado de bikes no Brasil, agora o cenário vem mudando de forma surpreendente.
Nesta segunda-feira (24/maio), por exemplo, o Santander anunciou seu apoio oficial ao brasileiro Henrique Avancini, maior nome do mountain bike nacional, primeiro do ranking mundial e favorito a medalha em Tóquio. Mas suas iniciativas envolvendo bicicleta não param por aí.
O banco, que hoje já é parceiro da Ciclovia da Marginal Pinheiros, em São Paulo, também estará presente no futuro Parque Linear na margem oeste do rio. O parque —sobre o qual escrevi aqui— ganhou recentemente o nome de Bruno Covas, em homenagem ao prefeito morto no dia 16 de maio. Como parte da parceria, o banco tem hoje na ciclovia uma parada para descanso –modelo que será adotado em outras cidades do país, como Belo Horizonte.
Além disso, a instituição passa a oferecer seguro de vida com proteção contra acidentes de bike, e seguro residencial com cobertura de roubo e furto de bicicletas. E os correntistas terão até mesmo 30 dias de pacote premium pago do aplicativo Strava, o queridinho dos ciclistas brasileiros, que hoje são a segunda nacionalidade com maior número de usuários do app (nunca ouviu falar? Escrevi sobre o assunto aqui).
“Quando assumimos a ciclovia, no período pré-pandemia, a bike ainda era um assunto distante em muitos círculos de empresas”, diz Michel Farah, da Farah Service, que passou a administrar a ciclovia do rio Pinheiros a partir de 2020, atraindo a iniciativa privada para investir ali. “Com os meses, fomos percebendo o crescimento do interesse pela ciclovia e pela bike em geral de marcas gigantes, coisa que nunca imaginamos antes.”
As próprias melhorias na ciclovia e a expansão de público no local contribuíram para despertar a atenção de empresas de peso, como Sabesp, Caloi, Strava, Smart Fit e a gigante Sherwin-Williams.
A descoberta do poder de marketing da bicicleta chegou até ao banco Safra. Recentemente, foi lançada uma campanha publicitária ligando a precisão e a tecnologia do ciclismo de estrada aos fundos de investimento da empresa. Veja só que doideira:
Que esses novos ventos empurrem cada vez mais bicicletas para as ruas do Brasil. Que o interesse de grandes empresas seja genuíno e que vá muito além de um peça de publicidade ou jogada de marketing. O país precisa desesperadamente de políticas públicas –e de grana do setor privado– para expandir a cultura da bike e colocá-la de vez no centro da revolução que nossas cidades merecem.