10 razões para você começar a pedalar (agora!)

Nunca na história recente de São Paulo tivemos tantos fatores reunidos — bons e ruins — para você começar a pedalar. Ou, se você já pedala, para convencer amigos e parentes a abandonar o carro ou o transporte público e tornar a bicicleta parte da rotina.

A conjuntura propícia, infelizmente, não está sendo aproveitada como poderia por nossos governantes. Que pena: políticos de cidades como Bogotá, Lima, Paris e Berlim, entre tantas outras, perceberam o poder da bike neste mundo pandêmico e estão adotando medidas para incentivar a população a pedalar, como ciclovias emergenciais e até dinheiro para que as pessoas façam manutenção em suas bikes antigas.

Mas, mesmo sem muito apoio do poder público, podemos fazer nossa parte e ajudar a alavancar o potencial que a bicicleta tem de melhorar e transformar cidades, comunidades e indivíduos, mais ainda na era do coronavírus.

É hora de eleger e bicicleta como meio de transporte (Foto: Diego Padgurschi/Folhapress)

Pensando nisso, eis aqui uma lista com dez singelas razões para que as pessoas percebam que a vida na pandemia e depois dela trará mudanças importantes, muitas desagradáveis e algumas até que interessantes. Com esforço da sociedade civil, São Paulo ainda tem chance de experimentar os benefícios da ascensão da bicicleta entre os hábitos positivos trazidos pelo tal “novo normal” — tomara que não percamos essa oportunidade.

1. Proteção contra aglomerações

Em tempos de distanciamento social, a bicicleta se firma como um meio de transporte dos mais seguros. Mais ciclistas nas ruas significa menos gente lotando ônibus e metrô, além de menos carros poluindo e congestionando a cidade.

2. Mais dinheiro no bolso

Que pedalar faz a gente gastar menos com passagem de ônibus e metrô, Uber, estacionamento, multas, IPVA e outros impostos parece óbvio. Mas quanto, de fato, a bike ajuda a aliviar os gastos? Em 2018, um estudo inédito realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), com patrocínio do banco Itaú Unibanco, revelou que o impacto em nossos bolsos seria considerável, em especial nas classes mais baixas, com uma economia de 14% na renda mensal.

3. Vários modelos de bike no mercado

Foi-se o tempo em que só havia mountain bikes pesadonas e feiosas para quem queria começar a pedalar na cidade. Hoje há modelos para cada necessidade. Dobráveis, elétricas, femininas, parrudas para carregar coisas, versáteis que se saem bem no asfalto e na terra… Gostar da própria bike é essencial, e ajuda bastante a manter o hábito de pedalar. E não esqueça: é melhor gastar um pouco mais e comprar uma bicicleta de maior qualidade, pois equipamentos melhores significam mais segurança, mais conforto e menos manutenção.

4. Sua mente agradece

“Já se sabe que pedalar não melhora apenas a saúde física, mas também tem impacto positivo na saúde mental”, disse recentemente o nigeriano Tijjani Muhammad-Bande, presidente da Assembleia Geral da ONU. Ele está certo: um estudo de 2018 publicado na revista médica inglesa Lancet mostrou que indivíduos que se exercitam têm 43% menos dias ruins, mentalmente falando, do que os sedentários. E que pedalar é a segunda atividade física que mais contribui para isso, segundo as pessoas que participaram da pesquisa. Após meses sem sair ou socializar, sentir o vento no rosto é revigorante demais.

5. Aos domingos, tem de novo a Ciclofaixa

Criado em 2009, o programa Ciclofaixa de Lazer ajudou muitos paulistanos a experimentar o prazer de pedalar sem pressa, curtindo o domingo. Só que, devido ao fim da parceria com a Bradesco Seguros, seu funcionamento foi interrompido em 2019. Para felicidade geral, no dia 19 de julho passado, a Ciclofaixa voltou, com seus 117,7 km agora sob patrocínio da Uber. O uso de máscara é obrigatório para todos, mesmo durante o exercício.

6. Conheça São Paulo de outro jeito

Seja para ir ao trabalho ou para espairecer nos finais de semana, pedalar faz com que a gente se aproprie da cidade de um jeito único. Para desviar de grandes avenidas, você precisa testar ruas menores, o que jamais faria se estivesse de carro. A velocidade da bicicleta te permite reparar em cantinhos paulistanos nunca antes vistos. O inglês Alastair Humphreys popularizou o termo micro-aventuras: ou seja, não é preciso viajar para terras distantes para se divertir ao ar livre. Pegue sua bike no final de semana, escolha uma região da cidade e gaste algumas horas explorando caminhos e lugares.

7. A Ciclovia do Rio Pinheiros melhorou

Desde março, a Ciclovia do Rio Pinheiros está sob administração da iniciativa privada, a Farah Service. Além de reparos e manutenção, a empresa instalou ali uma pracinha com café e cadeiras, e pretende lançar em breve uma série de projetos para atrair mais paulistanos. Será instalado sistema de iluminação e o local ficará aberto até tarde (hoje fecha às 18h). Com 21 km em sua totalidade (hoje apenas parcialmente abertos para ciclistas), a ciclovia é um lugar especial, que faz com que as pessoas redescubram o leito do rio e pedalem longe do estresse do trânsito.

8. Um baita treino para cicloviagens

No novo normal, por um bom tempo vamos viajar menos para lugares distantes, precisaremos evitar deslocamentos longos em ônibus cheio de gente e estaremos bem sem grana para gastar em passagens (ainda mais com o dólar nas alturas). Viajar de bike é divertidíssimo e barato. Mas requer prática e experiência — que podem ser adquiridas nos pedais diários pela cidade.

9. Opção para quem não quer academia

Falta de grana ou medo do coronavírus têm sido fatores a brecar o retorno de muita gente para as academias. Poucos exercícios aeróbicos são tão eficientes para o condicionamento que pedalar. Tire uns dias da semana para usar a bike como treinamento físico (não esqueça de sempre levar algo para comer).

10. Teremos novas ciclovias

Em julho, a capital ganhou novas ciclovias, na avenida Henrique Schaumann e na Avenida Brasil. Esses novos trechos se interligam a outros que levam ao Parque do Ibirapuera. São parte do Plano Cicloviário da São Paulo, no qual a prefeitura se comprometeu a implantar, até dezembro deste ano, 173 km de novas ciclovias (além de 310 km de reformas e melhorias em trechos já existentes).