Quem leva a melhor no Campeonato Mundial de Estrada?
A semana toda foi marcada por eletrizantes momentos do Campeonato Mundial de Ciclismo de Estrada, que termina neste domingo (29/out), na região de Yorkshire, no Reino Unido.
Foram provas de diversas categorias de asfalto, como contra-relógio individual, por equipe e misto, eventos paralímpicos, outros juniores e sub-23, masculino e feminino. Passadas as Clássicas de Primavera (como a Paris-Roubaix e o Tour de Flanders) e as Grandes Voltas (Giro d’Italia, Tour de France e Vuelta a España), o Campeonato Mundial é o momento mais legal do ano para quem ama ciclismo de estrada.
Dentro do evento, nenhuma competição é mais aguardada quanto a briga pela jersey (camisa) arco-íris da elite feminina e masculina — as duas provas acontecem, respectivamente, neste sábado (28) e no domingo (29). Alguns dos maiores nomes do road cycling protagonizam batalhas épicas em circuitos que podem mudar totalmente de perfil, dependendo do local escolhido para sediar o campeonato mundial.
Neste ano, o percurso é treta, pois, além de longo (no caso da versão masculina), tem bastante ascensão acumulada. Eles vão pedalar 280 km no mesmo dia (trajeto que, no calendário da União Ciclística Internacional, a UCI, perde apenas para a Milão-San Remo, com seus tensos 291 km).
Porém não é só a distância que vai torturar os competidores. No total, eles terão de encarar extenuantes 3.645 metros de ascensão acumulada, com uma série de trechos em sobe-e-desce, incluindo alguns bastante íngremes. Provavelmente a prova vai durar por volta de umas sete horas, em ritmo frenético, digno dos ciclistas mais galácticos do planeta. Veja o percurso completo no site da UCI.
Já as mulheres vão enfrentar um percurso menor, de 150 km, longo para o padrão de provas femininas de um dia chanceladas pela UCI (maiores que esta só mesmo duas Clássicas de Primavera, a Ronde van Drenthe, de 165 km, e o Tour of Flanders, de 159km).
As competições que rolaram nesta semana no Reino Unido foram cheias de adrenalina, muita chuva, quedas, excelência atlética e até baphos, incluindo uma surpreendente desclassificação do vencedor da prova de ciclismo de estrada sub-23.
Vale a pena ver alguns dos tombos mais espetaculares causados por chuvas torrenciais:
Entretanto é mesmo no último final de semana do Campeonato Mundial que o bicho pega e surge a pergunta: quem, afinal, será coroado o(a) melhor ciclista do mundo em 2019?
Nos grupetos de aficionados pelo esporte, o debate se alonga por horas, em especial no WhatsApp. Sejam lá quais forem as apostas, na prova feminina é bem grande a chance de a vitoriosa sair do fortíssimo time holandês.
Na equipe, está o mito vivo e tricampeã mundial Marianne Vos, que está voltando com tudo após alguns anos enfrentando problemas de saúde; a atual campeã mundial Anna van der Breggen, que levou a medalha de ouro de ciclismo de estrada nos Jogos do Rio 2016; Annemiek van Vleuten, bicampeã mundial de contra-relógio; e Chantal Blaak, campeã mundial de estrada de 2017.
Fora do time holandês, há outras competidoras de peso, como a britânica Lizzie Deignan (mais conhecida pelo sobrenome de solteira Armitstead), que foi campeã mundial, se envolveu em denúncias de doping e parou um tempo ao se tornar mãe.
Já na prova masculina, a Holanda de novo aparece com uma arma poderosa: o jovem Mathieu van der Poel, de apenas 24 anos, que também arrasa em provas de mountain bike e ciclocross. O talentoso moço fez bonito na Amstel Gold Race deste ano, que aconteceu em abril e tem 265 km de sobes e desces que, de certa forma, se assemelham ao esforço que precisará ser feito no Reino Unido no domingo.
Mas ciclismo de estrada tem lá seus dias de futebol e pode, sim, ser uma caixinha de surpresas. Estarão na largada astros sobre-humanos como o francês Julian Alaphilippe, que esmirilhou os adversários em várias Clássicas de Primavera de 2019, incluindo a Strade Bianche e a Fleche Wallonne e teve impressionante participação no Tour de France e Vuelta a España.
O eslovaco Peter Sagan, tricampeão mundial de estrada, inúmeras vezes vencedor de etapas do Tour de France e um superstar da bike como jamais se viu. O sprintista não se sai superbem em provas com muitas subidas, porém o relevo “quebra-canela” de Yorkshire, com sobe-e-desces rápidos e sem montanha longa, pode render uma boa surpresa para seus milhares de fãs.
Temos ainda o espanhol Alejandro Valverde, atual campeão mundial que brilhou em 2019, ao ficar em nono no geral no Tour de France e em segundo na Vuelta a España. Aos 39 anos, Valverde é ainda um ciclista multi-talentoso, com força e garra dignas de titã.
Por tudo isso citado acima, o final de semana promete. Você pode ver as provas no SporTV 3 ou pelo site oficial do Campeonato Mundial, que disponibiliza um live via YouTube (clique aqui). Lá também estão todas as informações sobre o percurso, o horário de cada competição e outras curiosidades.