Nos últimos anos, se as corridas estilo critério ganharam fama e público, muito se deve ao bem-sucedido campeonato Red Hook Crit (RHC). Nesta semana, no entanto, o evento, que se tornou queridinho de quem ama essas provas meio underground e perigosas que rolam em circuitos curtos e sempre com bikes fixas, anunciou que não haverá nenhuma edição do Red Hook em 2019.

Não se trata de uma notícia qualquer: é a primeira vez desde os primórdios do evento, há uma década, que os organizadores cancelam uma temporada inteira. O motivo, claro, é a grana — segundo eles, não há dinheiro ou patrocinadores suficientes para bancar os custos de um campeonato que nasceu no Brooklyn, em Nova York, mas que fez tanto sucesso que ganhou edições em Barcelona, Londres e Milão.

David Trimble, norte-americano criador do Red Hook Crit, disse que vai tentar continuar com o campeonato em 2020, porém que neste ano não há verba para isso.

O Red Hook Crit começou, tímido e clandestino, no Brooklyn em 2008. E aos poucos foi atraindo ciclistas urbanos modernosos, bike messengers tatuados de vários cantos do mundo e até atletas profissionais — que “roubaram” vários pódios dos competidores “normais” que costumavam participar desde o início. O evento deu um ar jovial e bem contemporâneo à cena da bike, além de uma altíssima dose de adrenalina que chamou a atenção de marcas grandes como a Specialized e a fabricante de videogames Rockstar Games.

Com público, mídia e marcas de olhos nos critérios, o RHC cruzou o oceano até a Europa e virou a prova preferida dos “crit racers”, como são chamados os competidores desse tipo de modalidade.

A cada edição, atraía centenas e centenas de espectadores e rendia belas cenas de disputas violentas e quedas homéricas. Um dos vídeos mais populares (assista abaixo), de 2016, mostra os ciclistas se chocando uns com os outros por culpa de uma moto da organização. Em circuitos curtinhos e com curvas bem fechadas, as provas do Red Hook exigem coragem máxima e destreza dos atletas, que competem com bikes de uma marcha só e sem freio.

Os organizadores pagam altas taxas para usar os locais das provas, como no Brooklyn Cruise Terminal (que, em 2018, elevou ainda mais o valor). Os custos gerais também foram aumentando, a ponto de no ano passado os gastos totais da temporada terem sido equivalentes a quatro temporadas anteriores juntas. Como consequência, o campeonato acabou acontecendo apenas em Nova York e Milão.

O formato do Red Hook Crit inspirou diversas provas pelo mundo, incluindo no Brasil, como o Daemon Track Crit — que, aliás, terá sua terceira edição neste ano, dia 7 de abril, em São Paulo.

Que o RHC volte logo a acontecer e a encher nossos corações de adrenalina e alegria.