SP abraça a onda dos veículos leves compartilhados

Dias atrás, o novo sistema de bikes “dockless” Yellow divulgou que, nas primeiras duas semanas de suas operações em São Paulo, foram registradas 40 mil corridas.

Como postou o site Ciclovivo, o número ultrapassaria o de muitas cidades de outros países que também ganharam esse sistema de compartilhamento de bikes. As “dockless” podem ser deixadas em qualquer lugar, não utilizando estações como as laranjinhas do Itaú ou as vermelhas do Bradesco.

A empresa Yellow Bikes começou por aqui menos de dois meses atrás, com algumas unidades sendo testadas por pessoas previamente cadastradas, e hoje já conta com 2.000 amarelinhas rodando pela capital.

Além de bikes, a Yellow está entrando no mercado de patinetes compartilhadas (Fotos: Divulgação)

Embalada pelo sucesso inicial, a companhia disse que planeja distribuir até 20 mil bikes ainda neste ano. E chegar a 100 mil em 2019.

A Yellow foi uma grande sacada de seus fundadores, ex-donos da Caloi e da 99 Táxi –, que perceberam o potencial de uma cidade como São Paulo para usar os chamados “veículos leves”, ideais para viagens curtas, rápidas, que possibilitam que as pessoas fujam do trânsito quando precisam fazer deslocamentos menores (da estação de metrô até o prédio onde trabalha, por exemplo).

Outras empresas já se cadastraram na prefeitura de São Paulo para operar bikes compartilhadas, como a chinesa Mobike, que anunciou que começaria a funcionar por aqui em junho, mas isso não aconteceu ainda.

Até a Uber percebeu o potencial dos veículos leves. Nesta semana, Dara Khosrowshahi, chefão da empresa, deu uma entrevista ao jornal Financial Times na qual afirmou que os investimentos da companhia vão se voltar para bikes e outros meios de transporte individuais — até mais que em carros.

Como parte de sua estratégia, a Uber adquiriu a Jump, sistema de compartilhamento de bikes elétricas que já está disponível em oito cidades dos EUA e, em breve, em Berlim e outras capitais. “Na hora do rush, não tem sentido uma geringonça que pesa 1 tonelada de metal transportar uma pessoa em curtas distâncias como dez quadras”, disse Khosrowshahi.

A Mobike se cadastrou na prefeitura de SP, mas ainda não começou a operar (Foto: Divulgação)

Os tais veículos leves não incluem apenas bikes e suas versões elétricas. Patinetes elétricas e scooters (sim… para desgosto de muita gente) estão na lista desses meios de transporte.

A própria Yellow vai começar a colocar patinetes nas ruas, em regiões como a avenida Brigadeiro Faria Lima, para fazer os primeiros testes. A Uber já avisou que está de olho nesse filão. E outras start-ups brasileiras também se ligaram na novidade, como a Scoo.

Como noticiou a Veja São Paulo, nos próximos meses a cidade verá a chegada das scooters compartilhadas, com a Riba Share. As motinhos não ultrapassam 50 km/h e preocupam parte dos urbanistas, por não serem exatamente um veículo não-poluente. Mas ainda assim será melhor usá-las do que continuar insistindo em colocar mais carros nas ruas?

Além de usarem meios de transporte individuais, esses sistemas de compartilhamento trazem outro ponto em comum: a tarifa baixa. As Yellow Bikes custam apenas R$ 1 a cada 15 minutos, enquanto as patinetes Scoo valerão R$ 1 mais 25 centavos por minuto.

As Scoo são patinetes elétricas compartilhadas para alugar, com previsão de chegar em breve a SP (Foto: Divulgação)

Em uma cidade sufocada por congestionamentos, é de se compreender que o paulistano abrace a ideia de chegar mais rápido — e com mais diversão — a seu destino. A onda dos veículos leves tem tudo para pegar forte por aqui.

Mas não sem contratempos. Já é corriqueiro ver pelas ciclovias ciclistas mal-educados em suas bikes elétricas, dando fechadas e pedalando em velocidade pouco recomendada, dependendo do horário.

Outro ponto a se melhorar é a distribuição geográfica desses veículos, quase sempre entuchados na região da Faria Lima e demais points Nutella da zona oeste. As áreas centrais e mais periféricas de São Paulo também querem experimentar essa moda — de preferência de forma efetivamente útil, que as conecte com as redes de transporte público.