Transcontinental Race: o ultradesafio de bike mais difícil e bacana do mundo
A mais dura competição de ciclismo de longa distância do mundo é também uma das mais undergrounds, originais, anárquicas (no bom sentido) e incríveis que já foram criadas.
A sexta edição da Transcontinental Race começou neste domingo, 29 de julho, com largada na Bélgica e chegada na Grécia. Durante o desafio, os 260 participantes provavelmente pedalarão cerca de 3.900 km e subirão mais de 35 mil metros de ladeiras, em um evento transgressor em que cada um escolhe sua própria rota. Uma das únicas regras é passar por quatro Postos de Controle (que, neste ano, serão na Áustria, Eslovênia, Polônia e Bósnia-Herzogóvina).
Na Transcontinental, o ciclista precisa ser 100% autossuficiente, carregando consigo tudo o que é necessário e sem contar com equipe ou carro de apoio.
Não se trata de uma prova em etapas, com horário de largada diário. A Transcontinental, como explica a própria organização, está mais para um contra-relógio individual de dias e dias: após a largada, o relógio não para nunca. Não há data limite para cumprir: vence quem primeiro chegar à Grécia. O atleta tem de fazer todo o percurso com a força das próprias pernas — caronas em balsas, por exemplo, precisam ser previamente aprovadas pela organização.
A prova de 2018 é particularmente delicada: é a primeira edição que não foi organizada e executada por Mike Hall, o ciclista gênio que criou a Transcontinental. Mike foi morto em 2017, ao ser atingido por um carro enquanto competia na Indian Pacific Wheel, na Austrália.
“Nosso objetivo é zelar para que a Transcontinental continue como Mike imaginava: um desafio ciclístico inovador, feito por ciclistas para ciclistas”, diz a equipe que toca hoje a competição, que prossegue com seu estilo low profile, sem grandes patrocinadores, mantendo uma aura cool e irreverente.
Os competidores pedalam solo ou em dupla, e podem traçar a rota que quiserem. No site da prova, um mapa vai mostrando a posição de cada um em tempo real.
Trata-se de um esforço brutal. No ano passado, dos 283 ciclistas inscritos, apenas 143 completaram. Mike Hall havia morrido poucos meses antes da largada, e o clima geral era de tristeza, apesar de o time da prova ter decidido que ela aconteceria. Nas primeiras horas da edição da Transcontinental 5, o estreante Frank Simons também foi morto ao ser atingido por um veículo. A chefia optou por não cancelar o evento.
O primeiro a cruzar a linha de chegada foi James Hayden, em 9 dias, 2 horas e 14 minutos. Ele pedalou diariamente mais de 400 km, carregando a própria bagagem! A primeira mulher foi Melissa Prichard, em 13 dias, 2 horas e 29 minutos (que venceu mais de 300 km diários durante esse tempo).
Neste vídeo, da edição do ano passado, dá para ter uma ideia da atmosfera mágica da Transcontinental:
O Brasil já esteve presente na prova, em 2016, com Vinicius Martins, que tem encarado diversos ultradesafios ciclísticos nos últimos anos.
Se você curte bike, mesmo que de outra modalidade, tente acompanhar a Transcontinental ao longo dos próximos dias. As fotos são particularmente belas — o Instagram deles é @thetranscontinental. No Facebook (/transconrace/), há postagens diárias de informações e fotos.
Sorte e diversão aos competidores valentes da Transcontinental 2018!