Em outubro de 2017, a jovem Mariana Gómez, de 25 anos, foi detida em uma estação de metrô de Buenos Aires. A polícia alega que a moça estava fumando em local proibido. Mariana e diversos movimentos de direitos humanos do país discordam: o real motivo teria sido um beijo que ela havia dado em sua mulher, Rocío Girat, em um espaço público. Segundo relatos de jornais como o Pagina 12, os agentes de segurança intimidaram as duas mulheres, chamando-as de homens, atacando-as fisicamente e, depois, detendo Mariana por algumas horas.

O caso chamou a atenção de movimentos pela diversidade, como a Agrupación LGBTI 1969, que organizaram protestos em vários locais. Mesmo assim, a justiça argentina decidiu este ano processar a jovem, por “delito de resistencia a la autoridad en concurso real con el de lesiones graves”. A juíza María Dolores Fontbona de Pombo não ouviu outros testemunhos além dos policiais. Alguns dias atrás, ocorreu até um “bezaso”, com muitas mulheres se reunindo para beijar umas às outras em público.

A comunidade ciclística porteña também decidiu se pronunciar, no melhor estilo rebelde, jovem e revigorante do universo urbano das bikes fixas (modelos sem marcha, de pinhão fixo). Em apoio a Mariana criou-se a hashtag #procesadaporbesar. E garotas trans, lésbicas, hetero decidiram transformar o beijo em, como elas mesmo definiram, arma política. Beijam-se ao lado de suas bicicletas, postam nas redes sociais, escrevem palavras de protesto e mostram que o amor ao outro ser humano é, acima de tudo, o que realmente importa. E assim a bicicleta vai também servindo de ferramenta de união e esforços coletivos por um mundo mais tolerante.