Livro fotográfico registra a cena da bike fixa em SP
Em uma das maiores e menos bike friendly cidades do mundo, sopros de esperança se fazem sentir com as novas gerações de ciclistas – que chegam com garra e muita energia boa para compreender melhor sua realidade e, como consequência, mudar o mundo a sua volta.
Um ótimo exemplo é Ianca Pereira Loureiro, de apenas 21 anos. Formada em jornalismo, ela começou a fotografar a cena da bike fixa no Brasil e, com fé e coragem, decidiu que sua produção fotográfica deveria virar um livro. “Registro Fixed Gear”, que será lançado no dia 9 de fevereiro no bar-bicicletaria Las Magrelas, em São Paulo, é fruto não apenas de sua paixão por pedalar como também de seu enorme interesse por conhecer outras histórias de vida – conectadas pela simples, porém poderosa ferramenta social que é a bicicleta.
Ianca não contou com patrocinadores, crowd funding ou qualquer apoio financeiro além do de sua família e de amigos. Na era das redes sociais e de vídeos-relâmpago no Youtube, optou pelo, para muitos, “ultrapassado” formato livro. “A ideia do livro é eternizar a cena fixed gear da cidade, tê-lo como documento e guardar sua historicidade”, diz ela. “Quero que meu livro circule por anos. Não quis mostrar isso no meio digital porque seria uma novidade momentânea, como qualquer outra publicação ou como qualquer outro vídeo que circula pela Internet e que depois é facilmente pausado e esquecido.”
“Registro Fixed Gear” é dividido em cinco capítulos e mostra, entre outros temas, a história de seis ciclistas “fixeiros” e sua relação com a bike fixa e a cidade. A divulgação da obra está sendo feita pela própria jornalista, que criou um Instagram (@registrofixedgear) para mostrar parte de sua pesquisa. O projeto gráfico é de Luiza Poli.
A seguir, um bate-papo com Ianca:
Como você foi tendo a ideia do livro?
“Registro Fixed Gear” é um projeto fotográfico que desenvolvi após frequentar um evento que aconteceu no início de 2017. Eu me vi com muito material fotográfico e senti a necessidade de expor essas imagens para o público, então criei um perfil nas redes sociais (@registrofixedgear). O livro veio como produto do meu planejamento de TCC (trabalho de conclusão de curso da faculdade), no qual pesquisei toda a linha do tempo das bicicletas, focando na mecânica e na cultura das fixed gear.
Como se deu a seleção dos personagens retratados?
Com o foco na cidade de São Paulo, por meio de pesquisas listei os nomes que conhecia nessa cena e decidi que “segmentaria” os usos do modelo de bicicleta. Dividi em ciclismo urbano, cicloativismo, empreendedorismo e ferramenta de superação. Queria as várias faces dos personagens buscando quais eram as suas relações com a bicicleta. As fotografias seguiram a lógica do realismo, sempre respeitando o cenário de uso constante da bicicleta para o personagem, e como ilustração complementar à leitura. O conteúdo escrito foi definido em formato de perfis que combinam ações, exploram os detalhes e trazem uma leitura leve e envolvente sobre a realidade dos personagens.
Por que você optou pelo formato livro? Pergunto isso diante da crise do jornalismo impresso e do espaço mínimo que o papel (e a leitura em geral) tem ocupado em nossa sociedade dominada pelas redes sociais.
Meu desejo era ir além do comum. E também não acredito que o espaço do livro esteja se fechando. O livro sempre vai ter seu espaço na estante, na mesa, em um momento de calmaria, ou seja, sempre estará ao alcance das mãos – basta produzir algo bom. Muitos ignoraram minha ideia de financiar um projeto “ultrapassado”, ainda mais por ter cunho fotográfico e podendo ser simplesmente produzido no meio digital.
Quanto vai custar o livro e onde será possível comprá-lo?
O livro custa R$ 150. É possível adquiri-lo através das redes sociais do Registro Fixed Gear (Facebook e Instagram) ou escrevendo para o e-mail registrofixedgear@hotmail.com.