Ciclovia da Marginal Pinheiros será reaberta logo? Longe disso

Erika Sallum

Não tem sido fácil para nós, ciclistas, pedalar por aqui em São Paulo. O episódio mais recente de completa tristeza foi o bloqueio, pela Polícia Militar, de mais de 3.000 pessoas que faziam, no domingo (10), a Tradicional Descida a Santos. A polícia cumpria ordens de uma decisão da Vara de São Bernardo do Campo, que achou que ali não era lugar de ciclistas. Lamentável… Ao longo de 2017, vimos ainda o prefeito da capital, João Doria, ir na contramão das políticas públicas mundo afora ao sancionar projeto de lei que, na prática, dificulta a implementação de ciclovias. Vai entender a lógica de Dorinha.

É perto de um rio poluído, mas a ciclovia ainda é um dos melhores lugares para se treinar (Foto: Fabio Braga/Folhapress)

Diante desses revezes, o espaço público para se pedalar vai, assim, minguando e se tornando mais e mais restrito aqui. Que o diga o imbróglio da ciclovia da Marginal Pinheiros, que em 2013 foi parcialmente interditada, entre as estações Vila Olímpia e Granja Julieta, por causa das obras de implantação da linha 17-Ouro, realizada pelo Metrô. Na época, divulgou-se que ficaríamos sem esse trecho da ciclovia por dois anos, e que as obras do monotrilho (que ligará a estação Morumbi à estação do aeroporto de Congonhas) não seriam tão “complexas”. Mas até agora nada. Lá se vão CINCO anos em que os ciclistas que usam bike para ir de casa ao trabalho perderam essa opção, enquanto os que treinam ficaram sem um importantíssimo espaço, em uma cidade praticamente sem outro lugar para isso além da Cidade Universitária.

Os famosos animais que levaram os ciclistas a dar o nome de “Ciclocapivara” ao local (Foto: Fabio Braga/Folhapress)

Procurei a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que administra a ciclovia da Marginal Pinheiros, para saber quando, afinal, a teremos de volta. Em um email sem maiores explicações, a assessoria disse apenas que “a previsão é de que as obras da linha 17 sejam concluídas em 2019”. Serão seis anos esperando reabrir uma ciclovia que recebe uma média de 42 mil ciclistas por mês – desde janeiro deste ano, foram mais de 400 mil pessoas pedalando ali, espremidas, enquanto, se toda a via estivesse aberta, poderíamos estar curtindo a cidade ou encurtando o caminho até o trabalho.

E não há garantia se realmente teremos a ciclovia toda reaberta até essa data. As obras da Linha 17 atrasaram devido a uma série de problemas, que envolveu inclusive um acidente com uma viga-trilho (que despencou e matou um funcionário) e até o abandono de parte das construtoras que não concordavam com os valores recebidos. Osso.

Durante esse tempo, foi implantada uma via alternativa do outro lado da Marginal Pinheiros, com acesso pela ponte Cidade Jardim. Pedalei ali algumas vezes, porém assaltos e sensação de total insegurança fizeram com que esse pedaço nunca fosse realmente adotado pela comunidade de ciclistas. Segundo a CPTM, trata-se de uma via aberta e cuja função de manter a segurança não está sob sua coordenação.

É, minha gente, para pedalar em São Paulo é preciso paciência, amor incondicional pela bike e muita esperança de que, um dia, tudo melhore.