O mundo da bike conclama: ‘Pedale como uma garota!’
O movimento começou uns poucos anos atrás e se espalhou pelas redes sociais com uma hashtag poderosa: #cyclelikeagirl. Pedale como uma garota. Em outras palavras, reconheça a força feminina que vem de bicicleta para ocupar seu espaço nas ruas, trilhas e estradas — esteja você de acordo ou não. Chegamos para ficar, pedalando em um caminho sem volta. Em sites como o Cycle Like a Girl, as moças passaram a reunir e compartilhar histórias comuns de mulheres e suas bikes, além de venderem jerseys (camisas de ciclismo) e outros produtos ciclísticos com os valentes dizeres.
O #cyclelikeagirl acompanhou uma espantosa onda de cada vez mais moças mundo afora se encantando pela bicicleta, para ter uma vida mais saudável ou protestar por seus direitos (ou ainda apenas curtir o prazer que é andar de bike sem almejar nada em troca).
No Brasil, não foi diferente: é absurdamente nítido o maior número de ciclistas mulheres em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, entre outras. Há blogs só sobre bike e minas, como o Canela, e muito mais opções de equipamentos dedicados exclusivamente a elas.
Uns meses atrás, outra bela iniciativa apareceu em solo brasileiro, com o Peita. Criados por amigas de Curitiba, entre elas a designer Karina Gallon, as camisetas, bolsas e adesivos do movimento não são “apenas uma brusinha”, como bem explicado no site da marca, que é também um manifesto. “O Peita é um projeto cocriativo de camisetas com dizeres sincerões que carregam uma causa, uma luta ou um estado de espírito. É vestir opiniões e levá-las para a rua, para além da timeline. É peitar a realidade – com o perdão do trocadilho – para fazer a mensagem chegar do outro lado da força”, conclamam elas.
As entregas dos produtos são feitas pelas ciclistas do Camomila Vulgar, um grupo de mulheres bike messengers de Curitiba — que, além disso, se organizam para ajudar meninas a perderem o medo de pedalar. “Queríamos levantar a discussão do feminismo com uma abordagem diferente, que alcançasse as pessoas todos os dias e não só em manifestações”, diz Karina. Cores sóbrias, “para fugir do fashion”, segundo ela, e dizeres impactantes — como “Nunca olhe para baixo” ou “Lute como uma garota”.
Os encontros do Peita para decidir design, tipografia etc. acabaram se transformando também em encontros de mulheres, nos quais feminismo, bike e liberdade de expressão são alguns dos temas das conversas. “Queremos unir e expor o grito de todas as mulheres que estão passando seus perrengues e lutando sozinhas por aí”, conta Karina.
Bike, empreendedorismo, direitos da mulher, moda, arte, design: um caldeirão de respeito.