Um salve para as bikes de bambu e de madeira!
Recentemente, fui pedalar em Taiwan com um grupo de estrangeiros convidados pelo governo de lá. No meio da galera, eis que aparece a norte-americana Krystle Marcellus, toda sorridente, com sua adorável bike de bambu — feita por ela e pelo namorado, Barret Werk. Os dois vivem no Havaí, e uns anos atrás decidiram unir duas paixões: a bike e a marcenaria. Pesquisa vai, pesquisa vem, e o casal acabou encontrando no bambu seu material preferido, para a construção de bicicletas lindíssimas e sustentáveis. Nascia, assim, a Werk Arts, que não apenas vende modelos diversos de bikes (por exemplo, fixas e para cicloviagens) como promove oficinas para que os compradores aprendam a fazer suas próprias magrelas.
“Nós mesmos escolhemos os bambus que vamos utilizar, colhendo da mata por meio de uma permissão do governo local”, conta Krystle. “O bambu é um material ultrarresistente, porém ao mesmo tempo maleável e que absorve muito bem os solavancos da estrada. Um quadro de bambu é, acima de tudo, confortável”, diz ela, que também é fotógrafa, ciclista e jornalista especializada no assunto. Suas bamboo bikes recebem um tratamento especial, com verniz náutico, para que encarem chuvas e climas úmidos. “De tempos em tempos, a bicicleta precisa de manutenção. Em nossas oficinas, nós ensinamos os alunos a também cuidarem disso, eles próprios.”
Entre os modelos para commute (deslocamento urbano, tipo de casa para o trabalho), há versões com freio a disco, garfo de carbono e grupos de até 11 velocidades. Um pitéu!
No Brasil, uma iniciativa semelhantemente bela e interessante é a Ungaro Cycles, que produz artesanalmente bicicletas de madeira. Parceria entre Eduardo Gasperini e Jonas Ungaro, da Carpintaria Brasileira, a Ungaro usa aparas de madeiras, compradas de fornecedores certificados, para dar vida a elegantérrimos modelos, todos feitos sob encomenda, que vão de bikes urbanas a estradeiras cheias de charme.
“A madeira é um material fantástico, que absorve muita vibração através de suas fibras”, diz Gasperini, que também é apresentador do programa “Vamos Pedalar”, da TV Cultura. Ciclista de estrada, ele já testou seus modelos de speed em várias situações, incluindo a dura prova L’Étape Brasil. Quando ainda trabalhava no marketing do Carrefour, Edu levou sua Ungaro para assistir ao Tour de France, e teve a oportunidade de mostrar a criação para mecânicos e engenheiros de grandes equipes como a BMC e a Astana. “Foi muito importante para o refinamento do projeto”, conta.
Tanto as bamboo bikes quanto as versões de madeira da Ungaro não saem barato, é verdade. As bikes havaianas de commute, completas, custam a partir de US$ 2.900 (mas esse valor cai bastante se o comprador se inscrever nas oficinas). Já os quadros da Ungaro são vendidos por cerca de R$ 6.000 — porém se tratam de peças exclusivas, produzidas artesanalmente. Bikes são objetos caros, ainda mais quando feitas a mão. Entretanto é um sopro de renovação e alegria ver projetos bacanas como esses sendo colocados em prática por gente criativa e que acredita em um futuro mais sustentável para todos nós — tendo como centro, claro, a bicicleta <3!