Os vídeos de bike ultra cool de Terry Barentsen
Vídeos de bike não são tarefa fácil de se fazer, especialmente quando não se tem por trás a grana e a parafernália tecnológica de marcas de energético ou de action cam — que, em geral, produzem filmes agitadíssimos, em uma fórmula que funciona, mas que também cansa. O amor pela bike pode, sim, ser captado pela câmera de maneiras mais simples e, por consequência, mais cool. Nesse sentido, o norte-americano Terry Barentsen vem recheando seu canal no YouTube com uma leva de filmes que são um sopro refrescante de elegância e contemporaneidade.
Antes de ler o resto deste texto, por favor, assista ao filme a seguir. Curtinho (2 min), descoladíssimo, ele não tem nada demais, zero efeitos mirabolantes. Mas quem pedala entende na hora: está ali belamente retratada a vibe deliciosa de sair meio sem rumo com o parceiro de pedal, com quem você divide a estrada e outros prazeres (como o dos segundos finais do vídeo…). Adicione aí uma trilha sonora de responsa, e tem-se uma produção linda de baixíssimo orçamento.
Aos 34 anos (mas “ainda se sentindo com 20 e poucos”), Terry começou a pedalar menininho. Aos 13, passou a competir de BMX, uma modalidade de lifestyle mais modernetes e parecido com o skate do que com outras vertentes da bike. A paixão pelo skate o levou a se interessar por fotografia e vídeo, que depois o encaminharam para o universo dos filmes de bicicletas.
Terry não é mundialmente conhecido, porém já vem atraindo um fiel grupo de admiradores. Seu estilo é urbano, jovial, bem a cara de Nova York, onde ele mora. Com seu olhar apurado e bom gosto visual e musical, Terry vem mostrando (obrigada!) que ciclismo não precisa ser coxinha — e que filmar bike vai muito além da espetacularização desenfreada.
A seguir, um bate-papo com Terry sobre suas ligações ciclísticas e seus filmes bacanudos.
Como e por que você começou a fazer filmes com temas de bike?
Skate! Durante um bom pedaço da minha vida eu andei de skate. Eu e meus amigos assistíamos aos mesmo vídeos de skate dezenas de vezes. E sempre fiquei curioso em saber como esses filmes eram produzidos. Com o passar dos anos, fui tirando cada vez mais fotos. Depois, a fotografia me levou para o vídeo, e eu acabei indo parar em uma produtora chamada Werehaus. A razão pela qual comecei a fazer filmes de bike foi para experimentar e testar coisas que não podia em projetos com clientes. Eu passava um tempão pedalando, então para mim fez sentido misturar os dois mundos, já que compunham grande parte da minha vida.
O que te chama a atenção em certas pedaladas que te leva a transformá-las em filmes?
É difícil para mim encontrar tempo para fazer vídeos de bike. Quando pedalo, quero curtir o momento ao máximo. Muitas vezes eu saio para pedalar sozinho ou com um amigo e acabo fazendo umas filmagens — geralmente em percursos que já explorei antes (se pedalo pela primeira vem em um lugar, não quero ficar me distraindo tentando filmar algo).
No que você está interessado em mostrar quando aponta sua câmera para uma bike ride?
Muitas das cenas dos meus filmes não são planejadas. Se eu vejo algo que acho legal, começo a filmar — pode ser uma luz bonita ou o jeito que Nova York parece de longe. Eu gosto de compartilhar como é pedalar em Nova York e o quanto é fácil sair da cidade e explorar suas vizinhanças.
A música é parte importante da composição dos seus filmes. Como você seleciona a trilha?
Eu gasto um bom tempo para achar a música ideal. Todas as minhas edições são norteadas pela música. Muitas das cenas têm cortes de acordo com os beats das músicas escolhidas. É o velho estilo de filmes de skate que me influenciou tanto. Deixa tudo mais simples, e eu curto muito isso. Depois de ver todas as cenas gravadas, eu já parto para a caça da trilha. O YouTube tem várias regras em relação a músicas, então eu tento achar artistas mais indie do Soundcloud. E você sabe que encontrou a trilha certa quando fica gostoso de assistir à filmagem.
O que faz um vídeo de bike ser bom?
Um bom filme de bike bom se faz com boa edição, boa música e belas pedaladas. Vídeos que incluam poucas tomadas ou que apresentem uma cidade ou lugar como se descrevesse um personagem ajudam muito. Quais são os cheiros desse lugar? Qual o sabor? Agora mostre-me as pessoas que moram ali, os prédios, os espaços que cercam essa cidade… isso faz um bom filme.