Uma aventura de bike fixa nas serras catarinenses
Bikes “fixas” são modelos de uma só marcha, com pinhão “fixo” (daí o nome), sem freios – para pará-las, só mesmo travando a roda, aos poucos, com a força das pernas que giram o pedivela. Andar em uma “fixed gear” não é tarefa fácil: é preciso ter fôlego, músculos em dia e técnica afinada. Subir montanhas com uma bicicleta desse tipo requer força extra para compensar a falta de marchas mais leves; descer ladeiras íngremes apenas controlando a velocidade pede coragem. Coisa para os fortes.
E não é que um grupo de amigos de Santa Catarina decidiu fazer um rolê de fixa pelas exigentes serras de lá? Partiram de carro de Balneário Camburiú até a cidadezinha de Grão Pará. De bike, encararam trechos temidos até por quem tem muitas marchas à disposição, como a Serra do Corvo Branco, na região de Urubici.
“A subida entre curvas sinuosas e íngremes, com percursos que variavam entre asfalto ruim e estrada de terra pior ainda, exigiram o máximo de todos nós. Era visível no rosto de cada um o esforço. Mas a paisagem se tornou um contraponto, servindo de recompensa. Já lá em cima, depois de alguns minutos para recuperar o fôlego, todos já estavam prontos para descer até Urubici, onde passamos a noite acampados”, conta Aliak de Sá, 25.
Houve uma “mãozinha” amiga: um carro de apoio levou barracas e os apetrechos de camping — em bikes fixas, teria sido praticamente impossível vencer tanta altimetria carregando comida e equipamentos. Quase tão pior que as subidas foram as descidas. O grupo desceu rasgando a duríssima Serra do Rio do Rastro, com piso molhado, clima frio, ventos pouco amistosos e carros impacientes. Adrenalina a mil. E sorrisos largos no rosto depois dessa legítima aventura no maior espírito free soul de quem curte pedalar e vencer desafios.
Os dias na estrada foram belamente registrados por Ricardo de Souza Vilela. Eis aqui uma seleção das fotos, que dão uma ideia da jornada e do amor desses caras pela bicicleta e pelo estilão fixed gear de levar a vida.