Ciclista negro brilha no Giro d’Italia 2017
O ciclismo de estrada ainda é um esporte predominantemente branco. Se o atletismo é uma arena onde brilham atletas negros e seus recordes impressionantes, no ciclismo isso ainda é raridade — mas aos poucos a cena começa a mudar. Em meio à batalha de astros europeus que sempre é o Giro d’Italia, que neste ano começou na sexta (5) e celebra sua centésima edição, um ciclista negro está mostrando uma garra descomunal e provando que esse esporte só tem a ganhar quanto mais plural se tornar.
Nascido na Eritreia há 28 anos, Daniel Teklehaimanot largou muito bem na primeira etapa desta que é uma das Grandes Voltas ciclísticas (as outras são o Tour de France e a Vuelta a España). Na etapa deste sábado (6), de 221 km, ele grudou no pelotão da fuga (ou seja, que se desgarrou do grupo principal) e deu show nas montanhas. Pela performance, conquistou pontos suficientes para vestir a camisa azul, de melhor ciclista “escalador” (especializado em trechos de montanha). Não é pouca coisa para quem vem da África, estreia em seu primeiro Giro d’Italia e enfrenta um pelotão de atletas brancos de países ricos. O jovem ciclista da Eritreia foi, aliás, o primeiro esportista de seu país a competir em uma Olimpíada (a de Londres 2012) fora do atletismo.
Teklehaimanot faz parte do sul-africano Team Dimenson Data for Qhubeka, uma palavra zulu que significa “progredir”, “evoluir”. O nome da equipe reflete a parceria entre a gigante de tecnologia Dimension Data e a Fundação Qhubeka, cuja principal missão é transformar a vida de quem mais precisa por meio da bicicleta. Em 2015, a Team Dimenson Data tornou-se a primeira equipe da África a participar de um Tour de France.
Ver Teklehaimanot deixar para trás rivais de peso e vestir a tradicionalíssima “maglia azzurra”, de melhor escalador, é um orgulho não apenas para a África, mas para o ciclismo como um todo. E é mais um exemplo de que a bicicleta pode mesmo mudar o mundo.